Informar e explorar o cotidiano sob novas vertentes. Esse é um dos objetivos do jornalismo cultural, mas que parece ser algo ainda distante do que é produzido no Piauí. A falta de prioridade com a editoria de cultura somada a restrições com espaço e estrutura levam, muitas vezes, jornalistas piauienses a limitar seu foco nos movimentos artísticos ou substituir matérias por releases. O que é produzido a nível local não merece descarte, mas ainda deixa a desejar.
Fazer jornalismo cultural é um desafio nas redações teresinenses. Além de consideradas matérias “de menor relevância”, muitas notícias sobre cultura restringem-se a falar superficialmente de música, teatro e dança. Esses problemas são minimizados com a proximidade de eventos culturais importantes como o Fórum Um Minuto para a Dança e o Festival de Folguedos, por exemplo.
O jornalista piauiense Pedro Jansen, editor da Revista da Cultura, acredita que as principais diferenças dos cadernos de cultura produzidos no Piauí e em São Paulo estão ligadas ao compromisso e à estrutura, e que essas realidades ainda estão distantes. Jansen ressalta, no entanto, que há muito esforço e pessoas dedicadas ao jornalismo cultural em Teresina.
“Como um editor e um repórter vão fechar diariamente três páginas de texto, mais especiais de fim de semana sem utilizar releases? Existem muitos jornalistas interessados em escrever sobre cultura. O que nos falta mesmo é estrutura”, pontua o editor. Jansen aponta a falta de profissionais como um dos problemas chave e alerta que, no Piauí, jornalismo cultural e entretenimento se entrecruzam de uma forma mais mercadológica e menos analítica do que deveriam.
Os artistas locais conhecem bem alguns problemas do jornalismo cultural, porque não há textos e críticas que os ajudem a repensar sua arte. Segundo Elielson Pacheco, integrante do Núcleo de Criação do Dirceu, a postura de muitos jornalistas acaba afastando algumas de suas principais fontes. “Eles vêm nos procurar apenas para preencher lacunas. Essa falta de comprometimento leva a um preconceito da maioria dos artistas em relação aos jornalistas”, explica o bailarino.
Muitos estudantes já pensam em um novo viés para o jornalismo cultural piauiense. É o caso de Filipi Moura, aluno de Jornalismo na Universidade Federal do Piauí, que acredita na necessidade de inovar, ousar com outros formatos de texto e sair dos limites do entretenimento. “Os maiores problemas são a repetição de assuntos e o medo de abordar temas diferentes. Falta aprofundamento, matérias mais contextualizadas”, diz. Porém, o ideal seria que a imprensa não esperasse a próxima geração para aperfeiçoar o segmento cultural.
Edição e Reportagem: Tamires Coelho
tamirescoelho@hotmail.com
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